Infeção por Bactérias Produtoras de β-Lactamases de Espectro Estendido em Pacientes com Colecistite Aguda Submetidos a Cirurgia
DOI:
https://doi.org/10.65332/rpdi.v16.95Palavras-chave:
ESBL, Colecistectomia, Microbiologia, Colecistite agudaResumo
Introdução:
A colecistite aguda (CA) pode levar a infeções retrógradas da via biliar. O seu tratamento é primariamente cirúrgico, mas o uso inicial de antibióticos é recomendado para todos os graus de gravidade. O crescente isolamento de estirpes bacterianas resistentes aos antibióticos mais utilizados torna essencial a compreensão do perfil microbiológico nesta patologia.
Métodos:
Foram analisados retrospetivamente os processos dos pacientes submetidos a colecistectomia urgente por colecistite aguda no Serviço de Cirurgia Geral do Hospital de Bragança, no período de 01 de janeiro de 2015 a 31 de dezembro de 2017.
Resultados:
Neste período foram realizadas 259 colecistectomias por colecistite aguda. A maioria dos doentes era do sexo masculino (~60%) com uma mediana de idade de 73 anos (variação: 19-98 anos). Quanto a comorbilidades, 21,4% dos pacientes apresentavam diabetes mellitus e mais de metade hipertensão arterial. Os valores de Índice de Comorbilidade de Charlson mostraram que 45% apresentavam valores iguais ou superiores a quatro. Foram colhidas amostras de líquido biliar em 45,4% dos doentes operados, com isolamentos de microrganismos em 51,7% destes. Foram isoladas vinte estirpes diferentes de bactérias, na sua maioria Gram-negativo (80,3%), nomeadamente Escherichia coli (45,5%), Enterobacter cloacae (10,6%) e Klebsiella pneumoniae (10,6%). Verificou-se o isolamento de bactérias produtoras de ESBL (ESBL+) em quatro doentes (6,6%), apenas um com infeção claramente associada aos cuidados de saúde. Para além destas, isolaram-se seis estirpes com resistências a fluroquinolonas e a cefalosporinas de 3.ª geração não-ESBL+. A presença de uma estirpe com resistência antibiótica alargada (ESBL+ ou não ESBL) associou-se a um tempo de internamento mais prolongado e a mais complicações no internamento.
Conclusão:
Existe uma elevada prevalência de CA na nossa instituição, com uma baixa incidência de isolamentos microbiológicos biliares de bactérias ESBL+. A sua baixa incidência não suporta a ideia de recomendar a sua cobertura de maneira empírica. Apesar disso, a presença de bactérias resistentes associou-se a tempos de internamento mais longos e mais complicações.
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Direitos de Autor (c) 2021 João Miguel Carvas, Ana Rodrigues, Júlia Granda, Diego Perez, Madalena Alves, Cristina Nunes, Pelicano Borges (Autor)

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